sexta-feira, 27 de junho de 2014

rimar amor com vida



escrevo versos em nome do amor
versus
toda a dor que me acompanha.

das coisas mais ridículas
e depreciativas
é que amor rime com dor,
e não com vida,
mas eu mesmo me convido
a rimar amor com vida.

e que embora repetitivo,
não me sinto compreendido,
pois tem quem só sobreviva
com ferida que não cicatriza,
eu mesmo muito resisto,
e me suporto.


porto meu sangue vermelho
nas palavras,
mas a fim de acompanhar Vênus
pra degustarmos um vinho tinto,
sem me preocupar com alucinações
e possíveis ressacas,
que não me deixem viver o dia.

eu quero o perfume da rosa,
ainda que me machuque,
mas que não seja só dor.
que me tire do leito e me faça andar,
pra contemplar uma rima rica,
sem forma ou definição,
de amor com vida.

Jefferson Santana

sexta-feira, 20 de junho de 2014

desat(in)ando














eu só quero
quem me queira,
se não,
nem venha
atravancar meu caminho.

me deixe

se
não quer meu riso,
não faz questão
da minha lágrima.

dá licença
que nem quero te ver
nem se for na TV.
vê se
nem lembre de mim,
se não lembra de mim.

minha porta tá fechada
mas você 
nem se importa
com a fachada,
e nem sei o porquê
me importo...
e porto estas palavras
de escrever

me deixe só,
somente só,
se não me quiser.

desatemos 
os nós, 
se não formos nós.


Jefferson Santana

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Das químicas interessantes...

In: Cantos e desencantos de um guerreiro (Meu livro de 2011)

Às Marias e tantas mulheres de tantos nomes


(*Música de Milton Nascimento, lindamente interpretada por Elis Regina)

Maria das Dores, trabalha como doméstica.
Com três filhos no lar, que nada fica.
Fica mais na casa da patroa pra limpar
e com as duas crianças dela pra cuidar.

Mantém o casamento com um marido,
sem ter o tal do amor correspondido,
já que o varão, que se acha, a engana
com a amante que sai toda a semana.

Ela esconde tristezas embaixo do tapete,
talvez pelos filhos, amores de valor.
Mas talvez ela perceba e um dia constate

que não pode mulher ser refém da dor,
que sua vida pode ser independente 
desse marido, ou de cotidiano opressor.

Jefferson Santana