segunda-feira, 1 de junho de 2015

1º de junho



o primeiro dia
do mês
do meio do ano.
talvez o primeiro
dos últimos dias,
ou o último
dos primeiros.

mais um dia na vida
e menos de vida.
a contagem é feita nos ponteiros
e algumas impressões apontadas:

o que se vive num instante
às vezes se aloja na gente
por uma vida inteira.

sendo que quase sempre
é a primeira impressão que fica,
ainda que seja a última emoção
que nos prenda à atenção.

entra ano,
sai ano,
e a velha esperança do ano novo
se renova de novo.
mas só um verdadeiro sonho
pra se manter vivo
na mediocridade dos ciclos.

rasgam-se os calendários
mas a ilusão não morre no cesto do lixo.
assim como não deveríamos viver de sextas,
sobrevivendo de segundas,
entediados nos domingos
das exaustões dos sábados.

o jeito é inaugurar um novo ciclo
tentando fugir dos círculos viciosos.

Jefferson Santana

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Daquilo que permanece só por dentro


Feito a casca que se rompeu,
escancarei-me a ti.
Contei meus segredos mais íntimos,
meus sonhos mais utópicos.
Dei-te minhas horas de sono.

Guardei teus olhos na minha lembrança,
o teu gosto na minha fome,
a marca da tua boca num pedaço de papel.
E permaneço com nossa trilha sonora
ainda embalando meus ouvidos.

Fizeste um Carnaval em meu coração...
Mas hoje, nessa quarta, ele está em cinzas.
Eu sei, já é fora de época,
mas também sei
que desde que te conheci o meu tempo parou.
Meus passos se perderam
desde q’eu quis rumar contigo.

Hoje você ruma em outra estrada
e eu tento outro caminho.
Minha esperança foi-se embora,
mas ainda te tenho aqui por dentro.


Jefferson Santana - 24/12/2014

terça-feira, 18 de novembro de 2014



Não, não adianta,
eu quando amo,
amo intensamente,
de verdade, com vontade.
Já tentei quebrar esta corrente
que me prende...
me liberta 
até pra querer quem está ausente...
na minha mente presente.

Não, não adianta,
meu coração tem o tamanho de um punho
e meu amor quilômetros.
Aliás, aonde acaba o amor que começou?
Como partilhar com alguém que parte?
Como não me partir a partir disso?
Como mudar a parte em que amor acaba?
O amor me acaba
desde que em mim começa...

E não adianta mudar
se o amor muda até meus rumos...
me muda, me planta...
ele se frutifica. 

Jefferson Santana

domingo, 16 de novembro de 2014

juntando as lágrimas
de minhas mágoas,
afundei minha ilusão
em molho.

meu olho é um mar inteiro
e meus sonhos andam as ondas
que não chegam a terra firme,
estão perdidos num pacífico gelado
afogando-se sem serem escutados...
um grito de socorro abafado.

Jefferson Santana

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

De todos os dias que lembro daquele olhar



Depois que os vi pela primeira vez,
não houve um dia sequer
que não pensasse naqueles olhos.

Enxerguei amor e senti fome.
Sentir foi o que restou
na impossibilidade do alimento.

Desnutrido, só avistava cores
quando fechava os próprios olhos
e pensava naqueles que já não podia fitar.
Ainda assim, era o que de mais bonito eu via.


Jefferson Santana

sábado, 4 de outubro de 2014

Meu partido



Parafraseando o poeta,
estou partido
em um coração
des
     pe
         da
             ça
                 do.

Minha co-ligação
está na saudade das coisas
que nem aconteceram.
É o sonho que tornou-se insônia.
É o frio no próprio corpo
pela ausência do outro.

Meu número é um
0 à esquerda,
                     em uma solidão destra,
dessas legendas largadas
nos rodapés das páginas
de todos os dias que não amanhecem.
Não há nem primeiro ou segundo turno,
se não vejo a aurora.
Agora é hora plena da madrugada.

Não ansiava mandato,
queria integração
entre desejo e satisfação.
Mas a realidade é outra:
Minha candidatura cassada.


Jefferson Santana



                 

sábado, 27 de setembro de 2014

Crime Poético no Festival de Poesia da cidade de São Paulo

O meu poema Crime Poético, do livro Cantos e desencantos de um guerreiro está participando do 1º Festival de Poesia da cidade de São Paulo.

Veja e vídeo abaixo e se gostar compartilhe e comente a publicação.

Hoje minha mão está armada,
De caneta muito bem carregada
De tinta, que deixa marcas graciosas
Na folha, e as intenções objetivas:

Surge como Sol na ponta do cano,
Indo em direção ao meio do crânio,
Como tiro de chumbo certeiro,
A modificar os neurônios do hospedeiro.

A mão é ansiosa e intencional,
A caneta é mero objeto acidental,
A folha cúmplice e prova criminal,

E o crânio é do gigante que cai,
Com a palavra mais ardente que vai,
Como bala que explode e não sai.

http://correspondenciapoetica.com.br/festival-de-poesias/154-crime-poetico.html